Torre do Olho


1372 CV.

Pela primeira vez desde 992, ele caminha pelas escadarias do templo. Sua armadura de batalha completa não deixa margem à qualquer fraqueza. Compacta e ornada com olhos esculpidos em alto relevo no mitral que a compõe, uma aura de poder cerca as defesas desta figura. Ninguém se opõe a ele. A Torre do Olho já foi tomada.

Ele saboreia cada passo. Diante dele, ainda de pé, Endra Mathlyn ainda tenta entender o que está acontecendo. Foram dias de fúria na vastidão. Quando o comunicado de que os portões deveriam ser abertos aos banitas chegou, Endra lembrava de ter rido alto de toda aquela loucura. Alguém havia cometido um erro. Três dias depois ela sabia: ela havia cometido um erro.
Endra Mathlyn. 1358 CV

O templo havia resistido com todas as suas forças, mas o momento da queda havia chegado. Ao lado dela, jazia um incontável número de Cavaleiros da Vigília Eterna. Os olhos deles cerrados para sempre. Eram tantos que a escadaria austera havia ganho o vermelho da morte e não se podia andar sem esmagar a vida que lhes fugia pelos ferimentos mortais.

Aquele era o fim. Suas preces lhe faltavam. Helm não respondia à Alta Guardiã.

"Curve-se, mulher, diante do Supremo Vigilante!"

"Heresia! Este posto nunca mais foi reclamado desde antes de nós dois termos avós, cria de Bane!"

"Não, de Bane não - murmurou o cavaleiro, de Helm, de Helm"

Era mais do que ela podia suportar. Diante dela, o cavaleiro exibia uma corrupção inominável: um amálgama hediondo do símbolo de Bane e Helm - uma hedionda garra de onde abria-se um olho demoníaco podia ser vista em alto relevo no peitoral de amadura de batalha.

Em nenhum momento Endra desviou o olhar, em nenhum momento Endra suplicou. Quando seu corpo sem vida banhou-se no sangue de seus companheiros, foi com os olhos sempre abertos que a chama de sua última vigília se extinguiu.

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