A Jornada de Ishmael - Parte 6

1480 CV

"Tem momentos da vida em que se pode perder a esperança. O simples lampejo de uma verdade dessas, no entanto, me desespera. Perder a esperança pra mim é perder toda a razão de viver, todos os porquês de fazer o que faço, é negar o destino que me foi dado. Eu acredito em destino. Acredito piamente que nossas vidas estão entrelaçadas a algo maior, e que tudo está conectado de alguma forma improvável e muitas vezes impossível conceber. Afinal, somos mortais, nem sempre devemos saber tudo. Seu antepassado, Ishmael, pensava exatamente assim.


'Um arco lunar que surgiu no céu quando o inclemente sol mandava seus caçadores foi um sinal de esperança para ele. Um ranger de Selune surgindo quando ele se sentia mais perdido ou bons e familiares amigos o encontrando no momento em que estava mais solitário eram sinais. O beijo e o abraço da mulher de sua vida, então... Fagulhas de esperança que brilharam como estrelas quando o destino pareceu impor obstáculos maiores que o esperado. Quando sua armadura foi despedaçada e o escudo estilhaçado, a esperança estava em algumas palavras... penso na sensação de Mirklo naquele momento... as histórias não falam essa parte, mas sempre fui curioso quanto a isso. De qualquer forma, Ishmael conseguiu um tempo até o grande embate entre ele e o campeão de Lathander. E tempo, meu querido, era um grande grito de esperança para o paladino.'

'E depois, pai, o que aconteceu?'

'Um grupo novo se formou naquele momento. Ishmael, Sairus, Arween, Thorngeir e o clérigo de Tempus, cujo nome me escapa agora. Eles adentraram em reino élfico - o sinal em forma de lua -, tendo tempo para descansar e se recompor. Ishmael recebeu a notícia da morte de Ivanuir e este pesar o deu mais força em seguir sua jornada. A morte dos velhos heróis é a continuação da jornada dos novos, meu filho, nunca esqueça. Enfim, eles seguiram por uma cidade em ruínas, que respirava ainda o pesar de uma grandiosa batalha. Espectros de um passado desconhecido revelaram parte do assalto ao local e o fantasma de um antigo conhecido os guiou para o coração subterrâneo de uma torre, onde vozes incompreensíveis criavam um clima de terror e assombro. Ao aparente fim do caminho, uma porta fechada com pedras, e depois dela um salão com uma ponte e um rio que seguia calmo.'

'Um desafio pequeno frente ao que eles haviam ultrapassado, certo? Não, meu filho, e com essa lição aprenda... o demônio está nos detalhes. Nos pequenos cuidados que devemos tomar, nas certezas falsas, na pressa da ação sem um mínimo pensar prévio, na confiança excessiva e na falta de cuidado. Talvez se eles tivessem verificado a qualidade do nó de Sairus, se Ishmael tivesse retirado sua armadura, se o clérigo da guerra tivesse levado em consideração as palavras do paladino para poupar a prece de luz...'

'A verdade é que após segundos de obstinadas decisões, Sairus e Ishmael caíam na água, as armaduras atrapalharam sua movimentação e rápido levava-os para baixo. Thorngeir pulou para ajudá-los, mas era como um cego em uma rua movimentada procurando por assistência. Arween ainda tentava retirar a armadura quando o clérigo arremessou a pedra iluminada no rio e o grande olho de Lathander se fez presente naquele lugar, com a voz do Sol Eterno ecoando e fazendo tremer aquele lugar... Ishmael! Finalmente o encontrei!'

'Oh não, papai... eles... eles morreram?'

'Bem, meu filho, o resultado disso você só vai saber amanhã. Boa noite, agora.'

'Boa noite, papai. Pai...?'

'Sim?'

'Eles vão sobreviver, né?'

'Você tem esperança que sim?'

'Tenho papai.'

'Então eles vão.'"

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