Caçador


Em um quarto escuro de uma estalagem qualquer eles se reúnem. O último deles sobe as escadas sem pressa, sem chamar atenção. O quarto foi escolhido de forma óbvia: o mais afastado.

Ao integrar-se ao grupo, os seis estão presentes, embora julguem-se ser apenas cinco. O quarto possui confortos mínimos. Símbolos esquecidos e profanos sangram as quatro faces do dormitório.

"Não havia algo menos clichê?" sorriu o recém chegado, seu caninos refletindo a ira incontida entre seus lábios.

Indiferença, sorriso dissimulado e silêncio pleno foram suas respostas, além do brilho de uma adaga inadvertidamente pousada sobre seu pescoço, querendo romper-lhe a carne.

"É dia lá fora. Eterno dia. Como foi previsto, como foi segredado que assim seria. Este foi seu último segredo" e a voz afastou a adaga do pescoço do recém-chegado.

"Pouco me importam as suas charadas. O que eu ganho por estar aqui?" e andou na direção da única mesa no quarto. Havia duas cadeiras ali, mas ninguém parecia disposto a ocupá-las. Sobre a mesa, um prato com qualquer coisa de muito estranho sobre ele. Sentou-se.

"Discernimento! Temos razões para crer que nada mais é como antigamente. O dia lá fora é prova disso."

"E por quê eu não deveria matar todos os que estão aqui nesse quarto?"

"Porque embora seja uma besta, você não é estúpido. Triunfar sobre a luz não é algo que se possa fazer sozinho"

Ele voltou a olhar na direção da voz. Não podia identificar quem falava. Tudo eram sombras, com exceção da adaga. Mesmo a voz não era discernível. Homem, mulher talvez. Para os planos de inferiores com todo aquele teatro! Os outros não falavam, pareciam meras marionetes e isso o irritava ainda mais. No entanto, havia uma certeza secular naquela voz, uma certeza que o fez hesitar por tempo suficiente para que a proposta o seduzisse.

"Nós estamos aqui para executar algo que nunca foi tentado. Este é o momento ideal. Venha conosco para Thay!"

"E ter de roer ossos? Não, obrigado!"

"Os ossos tornam-se pó ao sol alto. Ao menos é o que dizem. E tem sido sol alto há dias. Não teremos grandes desafios se partirmos agora, enquanto os rumos da guerra civil não forem decididos. Os boatos são de que não apenas o grande zulkir da Necromancia morreu, mas que a zulkir da adivinhação está desaparecida. É o momento perfeito!"

"Para quê?"

"Para dividirmos Faerûn entre nós."

Os olhos do homem-fera brilharam e um gosto de sangue veio a sua boca. Lambeu os lábios deixando que os caninos lhe ferissem a língua. Sorriu.

"Tudo o que precisamos é de um caçador como você, que nos leve para dentro do Castelo Thay."

"E depois?"

"Isso é segredo..."

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