Tomo de Arquivos V - 12.736 AC - Biblioteca de Encontro Eterno: A Segunda Geração


Samuel Tamassir,
mago forjador netherese.
Pouco se sabe realmente sobre a segunda geração dos Tamassir. Evidências mostram que Elrin Eagleeye assumiu os negócios da família no lugar de Ruben, possivelmente por indicação do próprio, enquanto os gêmeos Samuel e Saul enveredaram-se pelo caminho da magia e da forja, tornando-se grandes artífices arcanos. A união entre a administração do primo meio-elfo e os “produtos” dos filhos de Ruben trouxe um novo apogeu econômico e social aos Tamassir, numa época em que a família era quase completamente desacreditada. É dessa época que vêm boa parte das peças de arte encontradas por arqueólogos. Desconfia-se que o contato com a maioria dos primos se manteve antes da morte de Elba, depois disso não há registros ou histórias que liguem os filhos de Arliene a esse lado da família até pelo menos -3860 CV, onde aconteceu uma possível nova reunião de família.

A partir desse momento não há nenhum registro sobre os Tamassir ou integrantes da família até -3533 CV, o ano do surgimento dos pergaminhos de Nether. No entanto, bardos cantam uma história envolvendo a filha iluminada de uma ranger e um cavaleiro de estandarte solar que a protegia. Um diário encontrado em algumas escavações – cuja veracidade não é comprovada – descreve os seguintes acontecimentos:

A jovem Eliel possivelmente é a mais bela jovem de Netheril. Sua beleza iluminada, no entanto, é um mero raio se comparada a sua força de espírito. Não consigo imaginar alguém tendo algum sentimento ruim por jovem tão adorável e envolvente. Conheço pelo menos uma dúzia de pessoas que se matariam sem pensar duas vezes se dessa forma conseguissem um sorriso dela. No entanto, o maior entrave para aproximação de ser tão terno não é sua intimidadora existência ou sua visível superioridade à maioria dos humanos que aqui vivem, mas a enorme montanha de músculos e maça a tira-colo que a segue fiel como um cachorro e atento como um lobo a qualquer movimento aparentemente ameaçador a sua protegida. Ouvi algumas pessoas da cidade tratando-o como Belarn, mas não tenho certeza se esse é seu nome real, já que dizem que ele é ligado à casa da rosa acorrentada, sendo filho de uma antiga clériga daqui.
Saul Tamassir,
mago forjador netherese

O relato, apesar de não possuir veracidade comprovada, a descrição e o nome que aparecem no livro levam a crer que o rapaz que acompanhava a jovem Eliel seria o filho de Erly com Abrahan. Não há registro, no entanto, da presença de sua mãe ou de parentes mais antigos na formação dos dois jovens.
Tanto as músicas quanto o texto do diário tratam Eliel como uma “iluminada”, expressão que pode ter sido cunhada simplesmente para descrever sua beleza incomparável e sua personalidade forte e sedutora, mas também, de alguma forma, especificam sua origem. Uma versão muito parecida com a música, e conhecida por pouquíssimos bardos, descreve a mesma história, mas dá nomes diferentes aos personagens. Na versão mais conhecida somente Eliel aparece, enquanto seu protetor é chamado de “Cavaleiro Altivo” ou “Escudo Solar”. A versão menos conhecida – não escrita, diga-se de passagem – chama a jovem de Helena e seu protetor de Qilaff, O Escudo Brilhante. A semelhança na descrição dos personagens das duas canções e a situação de amor mal-resolvido é praticamente a mesma, mas a versão em que aparece Helena traz os seguintes versos:

ela, que dos braços da mãe
fez resplandecer
terras selvagens até chegar ao reino humano
onde o olhar dos deuses se fez valer

os quais sugerem que Helena/Eliel não era uma mera humana e que foi trazida pela mãe de “terras selvagens”, podendo, então ser a filha de Mel com o “ser iluminado” da missão da primeira geração dos irmãos Tamassir.

A verdade é que tudo isso são análises históricas comparativas sem nenhuma prova documentada dessa fase da família Tamassir. Mesmo assim, notas de compras datadas de -3533 CV feitas por Elrin sugerem que uma grande viagem foi feita pela nova geração dos Tamassir no mesmo ano. O destino deles parecia relacionado à viagem da geração anterior. A mesma expedição que encontrou o aparente diário de Arliene, encontrou um outro, dessa vez em melhor estado, mas sem nome. Os relatos que aparecem são os seguintes:
Earthvoice Tamassir,
guerreiro/feiticeiro

Eagleye foi terminantemente contra nossa viagem, mas algumas palavras de Eliel fizeram-no mudar de ideia e até bancar nossa ida, o que evitou conflitos entre ele e Earthvoice. Sei que Elrin não confia em Bluefire, mas ele faz parte da família e Earthvoice gosta muito do irmão. (...) O grandão com maça que anda ao lado de Eliel esboçou uma reação de desaprovação quando a menina disse que iria conosco, mas foi o primeiro a acordar hoje. De certa forma, sinto-me muito melhor em saber que esses dois vão também. A menina traz uma sensação de paz e esperança e o tal Belarn é uma rocha, a segurança em pessoa. Ele parece ser um daqueles tipos que quando teimam com uma coisa, não há quem o faça mudar de ideia. Realmente alguém pra se ter ao lado quando algum problema surgir. Apesar de seu jeito seguro e mandão, se derrete com o primeiro sorriso de Eliel como neve ao sol.
[...]
Saul separou umas peças arcanas para nós. Disse que nos ajudaria a não nos perdermos. Também nos deu armas que ele e Samuel passaram uns seis anos fazendo. Falaram que ajudariam caso armas convencionais não servissem contra qualquer coisa mais estranha que aparecesse. Agradeci e me senti meio receosa, elas mais parecem peças de arte que armas de verdade. Earthvoice ficou fascinado, o sangue arcano que corre em suas veias deveria estar fervendo. Eliel tocava em seu arco como se ele fosse comum, e isso me faz lembrar que Earthvoice disse que a menina possivelmente tivesse uma natureza mágica, não humana... Será verdade? Belarn carrega a maça mágica como se fosse uma mera arma e isso irrita a mim e ao irmão. Quando foi pedido a ele o mínimo de respeito pelo item ele respondeu com aquela voz grossa e ameaçadora: 'Só terá meu respeito se ela provar servir para aquilo que ela foi feita'. Como eu queria enfiar a cara dele em merda de cavalo!
[...]
Earthvoice está numa calmaria que me incomoda. Ele não gosta de ser liderado, mas é difícil não perceber que as ordens de Belarn mantêm nossa segurança e já nos tiraram de muitos problemas. Sei que na cabeça de meu irmão era ele quem deveria estar guiando essa expedição, principalmente por sermos nós os errantes aqui, mas o treinamento de Belarn e as capacidades de Eliel provam que eles já viveram poucas e boas nos anos em que estiveram longe da família. Pergunto-me quem realmente seriam esses meus primos, que segredos eles guardam? O grandão de maça não questiona qualquer palavra da belezinha 'iluminada'. Ela, por sua vez, parece não se importar nem um pouco com ele, mas mais de uma vez durante o caminho eu a vi olhando para Belarn com desejo e carinho. Há uma realçao de "simbiose" entre os dois que dá um estranho nó na minha cabeça. E eu desconfio que a escutei indo na direção da barraca dele noite passada...
Bluefire Tamassir, mago

[...]
Essa floresta me dá medo e a entrada da 'caverna-santuário' é ainda mais assustadora. Sério que foram nossos pais que colocaram isso aqui? Belarn está com uma calma tão séria que me deixa mais preocupada. Ele parece um animal selvagem quando se trata dessas coisas. Earthvoice está impaciente. Ele não consegue parar em um único local ou focar seus pensamentos de forma precisa... acho tudo isso muito estranho. A situação mais desesperadora, no entanto, é a de Eliel. A menina parece fraca e doente e todos vemos isso por mais que ela queira esconder.

[a partir desse ponto os relatos se tornam menores e por vezes banais. O tom preocupado sobre Earthvoice e Eliel piora e temos frases como ‘hoje ele quase nos matou’, ‘suas magias têm cores e odores diferentes, lembram um pântano’, ‘Eliel e Earthvoice não conseguem mais manter uma conversa e se não fosse por Belarn e eu é possível que os dois já teriam se matado – ele, por sinal, tem se mostrado mais protetor com relação a todos nós’. Um dos relatos posteriores mais longos corresponde ao que parecia ser, inicialmente, um ritual mágico, mas mostrou-se ser uma consagração.]

Incrível. Eliel falou umas frases em um idioma que eu nunca havia ouvido. Qilaff foi banhado por uma luz branca e eu imagino que levemente quente e reconfortante, já que ficou visível, por alguns instantes, sua sensação de relaxamento. Logo que acabou, em sua face a expressão de honra e responsabilidade eram muito mais fortes. Eliel o chama de 'Paladino Belarn' e há imponência e respeito em sua voz ao dizê-lo.

Desse ponto em diante, a escritora – desconfia-se ser Windsong – começa a apresentar um tom confuso em seu texto. Imagina-se que ela tenha passado vários dias sem escrever até que finalmente tenha retornado. Há muitas frases aparentemente sem sentido como “há escamas de cor preta nele e o bafo é incômodo. Estou com medo. Muito medo”. O conto dos dias também se perdeu não lembro mais que dia é hoje nem como se parece o sol. A única luz que temos vem de Eliel, mas mesmo essa parece estar se apagando. Qilaff esforça-se para não. Sinto como se tivessem se passado anos aqui dentro e a única indicação que eu tenho para isso é que me sinto bem mais velha. O medo se torna cada vez mais presente Não parei de chorar... a comida é escassa... Earthvoice come ratos sem tratá-los e Eliel está cansada e fraca... Belarn é uma figura que traz esperança, mas não sei mais se há alguma para nós e eu mesmo não vejo mais sentido em continuarmos... mesmo por Bluefire.
Windsong Tamassir, ranger.

A jornada do pequeno grupo se estende com acontecimentos menores por muitas páginas manchadas de tinta e sangue. É marcante a participação de Qilaff Belarn. Ele se torna algo mais que um guerreiro indo ao combate – assemelha-se a um cruzado divino e a expressão ‘paladino’ ajusta-se perfeitamente a ele. Isso nos faz pensar que Eliel poderia ter conhecimentos e treinamento clérigo, mas não há nada que prove isso já que nenhuma divindade que porventura eles adorassem é citada. A verdade é que de alguma forma ela poderia clamar pelo poder divino a seu favor, ou pelo menos tinha a mão de alguma divindade ao seu lado. O que sugere, de maneira bem mais forte, que sua ascendência era a mesma do ser que sua mãe e tios resgataram na geração anterior da família.

Uma parte chamou a atenção de vários pesquisadores. Em um momento do diário aparece a frase “... sua barriga cresce e sua beleza aumentou, mas ainda não afasta nenhum mal, pelo contrário, só parece trazer mais bondade a ser consumida”. Tal afirmação está escrita em meio à loucura dos relatos de Windsong e aparece completamente fora de contexto, se assemelhando mais a um devaneio que a uma prova de algo. Há quem diga que uma gravidez tenha sido iniciada naquela jornada tão longa e absurda, mas, como já escrito aqui, não há provas o suficiente que deem crédito a essa conclusão.

O final do diário se torna ainda mais perdido. É fato eles terem encontrado Bluefire, o que já mostra sucesso em sua missão – que, diga-se de passagem, parece ter sido mantida somente por Belarn, mas desconfia-se que, no momento de sua consagração como paladino, sua missão já não era simplesmente encontrar o rapaz, mas destruir algum tipo de mal que havia tomado Bluefire – os resultados, no entanto, não foram os esperados. Bluefire não era mais a mesma criança que alguns deles conheceram, mas um mago sedento de poder e com conhecimento suficiente para consegui-lo. Os combatentes iriam enfrentá-lo quando algo pior aconteceu.

O diário sugere que Earthvoice teve sua forma alterada completamente quando eles encontraram o último salão subterrâneo. A descrição é “...um grande lagarto alado de escamas negras e assustadoras e asas que parecem de morcego... de sua boca sai ácido e se não fossem as armas de Saul e as habilidades de Qilaff talvez não tivéssemos sobrevivido...”. Nesse ponto muitos pesquisadores se perguntam que sortilégios Arliene teria passado para ter um filho-réptil e quem mais poderia ter deitado em sua cama além de um ser dessa espécie – ou um dragão – para gerar um filho desse tipo.

Os resultados dessa transformação foram os piores. O diário fala que Bluefire estava esperando por aquela mudança para completar um ritual que o valeria a vida eterna, mas o intrometimento do grupo – principalmente Qilaff Belarn e Eliel – atrapalhou seus planos. Por conta disso, Bluefire mudou seu foco de ataque e decidiu realizar o ritual usando Eliel como reagente. O diário acaba nesse ponto. Percebe-se que muitas páginas foram rasgadas e se Windsong relatou o final dessa aventura, possivelmente nunca saberemos.

"O Irmão Caído", essa pintura foi encontrada em um grimório semi-destruído que estava sob os cuidados de orcs que serviam a Unbold Muitas Flechas. Sua posse, bem como a de outros oito itens aparentemente mundanos, foi negociada pelo valor de seis cavalos, duas cabras e pelo menos duas mil pecas de ouro por aventureiros liderados por Calishto Belarn. Acredita-se que o acordo foi feito porque os orcs achavam que o grimório não tinha mais nenhum valor. Atualmente encontra-se sob os cuidados da Olin Gisir Meraera. Não se sabe como chegou as mãos dela.

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